sábado, 4 de dezembro de 2010

Três Homens e uma Noite Fria


Rauno transborda em emoção ao cantar num karaokê, a letra da música diz “eu não invejo aqueles que tem uma vida dupla, as vezes acho que uma vida só é suficiente”. No filme ‘Três Homens e Uma Noite Fria’ do diretor finlandês Mika Karismäuki( da boa comédia O ciúme mora ao lado) três amigos com sérios problemas pessoais resolvem afogar as mágoas em um bar melancólico na véspera de Natal. A letra da canção traduz parte do drama desses homens em um filme não necessariamente triste. Rauno é um ator decadente e no leito de morte da esposa apanha do filho revoltado por desentendimentos do passado. Erkki é impossibilitado de ver o filho pela ex esposa e tem o interesse de “aprender a ser egoísta’’ para lidar melhor com as vicissitudes da vida. Marti vive as birras com a mulher mesmo quando ela está prestes a dar à luz.

O espírito natalino ‘contamina’ o filme, que não se distancia de outros dramas com temáticas natalinas em relação aos sentimentos propostos do período; como redenção, solidariedade, amizade, etc. A sequência das crianças cantando ‘Noite Feliz’é decisiva para que se possa notar uma atmosfera reconfortante mesmo quando situações inóspitas estejam no cerne da trama. O ‘lugar comum’, no entanto, não prejudica a obra. Três Homens e Uma Noite Fria é um filme agradável.



O tom opaco da fotografia que representa o rigoroso inverno do país escandinavo também preenche o aquecido bar freqüentado pelo trio e apesar do bom humor deles – garantido pelas generosas doses de Vodka, claro – as cores escuras ilustram a apatia e preocupação devido à angustia que os atormenta. O expressivo olhar de Erkki com terno e paletó igualmente escuros é representativo.


O número musical de cada um deles é, seguramente, um dos melhores momentos do filme. Cada música os representa de determinada forma e sintetiza as turbulências das suas vidas. Em determinado momento da apresentação de Marti ele declama com intensidade “você foi para outra cama”. Óbvia alusão ao fato de desconfiar (ou ter certeza) que fora traído pela esposa. As canções contribuem para a catarse de sentimentos. O dono do estabelecimento ao convocar a todo o momento uma nova apresentação, se transforma numa espécie de psicólogo, no qual ajuda o trio a expor os seus pesares, e o bar transforma-se num divã, ou uma espécie de “Associação de Desesperados Anônimos”. No desespero expresso nas letras das músicas, existe um fio de esperança. É Natal.


Assim como no recente O ciúme mora ao lado, Mika Karismäuki concebe um filme de bons personagens, diálogos inteligentes e situações curiosas. Apesar de ser um drama Três homens e Uma Noite Fria jamais desce ladeira a baixo no exagero melodramático. Este é um filme natalino, preenchido por sentimentos otimistas, solitários, agradáveis. No fundo do poço existe uma mola. Clichê? Sim, e daí?

Crítica publicada no site: http://www.cinemanarede.com/

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O cinema de Wong Kar Wai

Semanas atrás assisti alguns filmes da mostra Retrospectiva Wong Kar Wai na Caixa Cultural, e participei de um curso ministrado pela crítica de cinema Tatiana Monassa. Então, resolvi, postar um breve texto sobre o que foi apreendido da obra deste complexo cineasta. Apesar de não ter assistido todos os filmes dele, posso registrar minhas primeiras impressões:)


Aí vai..


No contato com um filme, o espectador se emociona ao mesmo tempo em que sua compreensão da obra está amparada na razão. A narrativa cinematográfica, na maioria das vezes segue uma ordem, um encadeamento dos fatos que exige compreensão analítica de quem assiste. E quando o (tal) encadeamento dos fatos praticamente inexiste? E quando a emoção dos personagens é o cerne, o dispositivo primordial no contexto fílmico? Esse é o cinema de Wong Kar Wai, cineasta nascido em Xangai e radicado em Hong Kong, cuja mostra foi exibida na Caixa Cultural, de 09/11 a 21/11. Foram exibidos 10 longas do diretor, além de debate e um curso sobre o cineasta com a crítica de cinema Tatiana Monassa.



Wong ganhou admiração e respaldo do público e crítica com um cinema inventivo, amparado em uma linguagem visual arrojada, na qual valoriza a câmera lenta, jump cuts (aceleração das imagens dentro de um mesmo plano, o que dá um efeito videoclip à cena) e cores vivas (muito néon). Tais recursos são cabíveis para explicitar a abstração de seus filmes, em voga devido à sua concentração em torno dos personagens, ou, para ser mais específico, da dor emocional e da angústia da existência dos personagens. Na obra de Wong a desilusão amorosa norteia a temática.

A dor da perda de um grande amor e a incapacidade de lidar com o mundo sem alguém especial ao lado são temas frequentes em seus filmes. Pode parecer brega – caso, principalmente, se levarmos em conta o machismo latino americano que ridiculariza o homem que sofre com a perda de alguém, o fulano com "dor de corno" etc – mas é um cinema basicamente emocional, sobre o amor. Personagens caminham num diálogo interior, fogem em busca de um recomeço, começam romances efêmeros para livrarem-se do passado infame...




Não existe preocupação com o roteiro (no sentido de contar uma história com ordem cartesiana e relação causa/efeito) nos filmes de Wong, eles não seguem a narrativa no sentido clássico. Como fora mencionado, o ordenamento lógico dos acontecimentos é secundário (ou talvez nulo), o estado de espírito dos personagens é o foco. Em Amores Expressos (1994) o policial lamenta o fim do relacionamento e come várias latas de abacaxi em calda, com a preocupação de que o prazo de validade da última lata coincida com a data do término, e questiona-se: “Será que algo no mundo não tem data de validade?”.

A relação metafórica com a comida é mostrada em Um Beijo Roubado (2007), único filme americano do diretor. O dono do bar (Jude Law) explica que a torta blueberry é a única que ao fim do dia está inteira, pois ninguém comprou uma fatia sequer. O personagem diz que não existe explicação para isso. É apenas sorte, casualidade.

Os paralelos com objetos físicos, tácteis – a comida, neste caso – é usada com frequência para exemplificar a relação entre os personagens. Em Amores Expressos, o cuidado do policial com o sapato da mulher que levou para o quarto, e, no mesmo filme, o zelo da garçonete com o apartamento do (também) policial do segundo conto.

Sem o convencionalismo que majoritariamente emperra os filmes sobre amor (sejam estes comédias ou melodramas), Wong Kar Wai ousa e confunde o espectador, com o turbilhão de imagens difusas que saltam na tela, e, numa leitura superficial, seus filmes podem ser considerados desconexos, lentos e até mesmo pretensiosos. A experiência cinematográfica, no entanto, é rica. E para cinéfilos (ou não cinéfilos) a importância da emoção é imensurável.
Texto publicado no site: http://www.cinemanarede.com

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Tetro

Roteiro e Direção: Francis Ford Copolla

Uma das instituições responsáveis ( talvez a mais responsável) para moldar o caráter de alguém é a família. Quando os critérios morais são deixados de lado na relação entre pais e filhos as conseqüências costumam ser nefastas. Depois da trilogia ‘Poderoso Chefão’, Francis Ford Copolla volta a destrinchar as nuances do ambiente familiar no excelente Tetro, filme pontuado por uma história densa e com aspectos visuais belíssimos.


No filme, Bennie (Alden Ehrenreich) viaja para Buenos Aires e reencontra o irmão Tetro (Vicente Galo) um ex escritor amargurado que insiste em esconder o passado, como ele mesmo diz, está “divorciado da família”. Tetro incomoda-se com a presença do irmão e com o fato do caçula investigar o seu passado. O bom roteiro de Copolla jamais vilaniza ou transforma o personagem Tetro em uma vítima indefesa; em determinado momento ele chama o irmão de ‘amigo’ na frente de uma garçonete e chama determinado amigo de ‘irmão’ na frente de Bennie, que fica claramente magoado com atitude insensível. O sujeito ranzinza, no entanto, revela-se carinhoso com a esposa, tem faro artístico – é admirado pelo irmão, pois costumava levá-lo para assistir ‘Sapatinhos Vermelhos’ no cinema, assim como óperas – e encontra-se claramente fragilizado devido ao misterioso passado que o atordoa.



A relação turbulenta entre Bennie e Tetro é personificada pelo excelente trabalho dos dois atores que compõem com eficácia a personalidade complexa e a inquietação dos personagens. O embate verbal entre eles é extremamente denso. (assim como discussões tão bem representadas na trilogia Poderoso Chefão e em Apocalipse Now )


Tecnicamente Tetro é impecável. O preto e branco da fotografia destaca belíssimas sombras que contribuem no destaque de semblantes dos personagens ( o detalhe me lembrou ‘Cidadão Kane’). Em determinada sequência, na qual Tetro discute com o irmão e a esposa, ambos aparecem no plano enquanto só a sombra de Tetro é mostrada. O plano possui beleza estética, e também é significativo no ponto de vista narrativo como metáfora, afinal aquele Tetro no momento da conversa esconde segredos, ele naquela ocasião expõe àqueles que convivem (e ao espectador) somente sua ‘sombra’, não a imagem verdadeira, não sua verdadeira alma. Em outro momento, o contraponto entre o vermelho de um vestido e o preto e branco, na cena de uma montagem teatral, se traduz numa bela cena.


É fato que o grande clássico da filmografia de Copolla é a trilogia Poderoso Chefão – com destaque para os dois primeiros – mas considero comparações infundadas, pois cada trabalho é responsável pela sua premissa. Tetro é um filme com densidade psicológica e um roteiro coeso com a estética intimamente relacionada à trama, o que não resulta num filme belo, porém vazio. Apesar de aparentemente não ter pretensões comerciais, não é um filme difícil, a narrativa é ágil e atrativa. Copolla entende de famílias conflituosas, e mais ainda, de cinema.
Crítica publicada no site: http://www.cinemanarede.com/

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Tropa de Elite 2

Direção: José Padilha

Roteiro: Bráulio Mantovani


No primeiro ‘Tropa de Elite’ a quase onipotência do BOPE era evidente. O “bom mocismo” (ênfase nas aspas) dos caveiras foi visto com bons olhos pelos espectadores, ávidos em repetir cada jargão do capitão Nascimento e companhia. O Batalhão de Operações Especiais da polícia do Rio de Janeiro parecia ser um antídoto contra a criminalidade. Quinze anos se passaram, e em Tropa de elite 2, a problemática não se estabelece apenas no confronto entre traficantes versus policiais, mocinho de um lado e um vilão feio, sujo e marginalizado do outro. O sistema corrupto cujos interesses políticos e econômicos são primordiais revelam uma sociedade(classe política, elite, classe média, etc) com valores espúrios. E para lutar contra essas adversidades não basta força física. Maduro, complexo e revelador, ‘Tropa de Elite 2’ está, certamente, entre os grandes filmes da história do cinema Nacional.

No filme, Capitão Nascimento (Wagner Moura, incrível) após uma mal sucedida operação em um presídio, passa a entregar a Secretaria de Segurança do Estado. Com seu perfil conhecidamente violento decide transformar o BOPE em uma máquina de guerra e expulsa traficantes de vários morros cariocas. O fato permite a ocupação desses morros por milicianos. Além dos problemas no trabalho, a vida pessoal de Nascimento encontra percalços na ‘distante’ relação com o filho e no confronto ideológico com Fraga, deputado Estadual com posições contrárias as dele, que é casado com sua ex mulher. O ator Wagner Moura mantém o tom viril, e sanguinário do Nascimento do primeiro filme, mesmo que não parta para o confronto físico, o ex Capitão ‘explode’ com surpreendente facilidade, o que fica claro em discussões ásperas com Fraga e o ex companheiro do BOPE Matias. O ator por outro lado, constrói um Nascimento, acuado, desiludido e inseguro ao, muitas vezes, ter que lidar com situações que jamais imaginara. Ter que confrontar um sistema corrupto, no qual o mesmo faz parte, como uma singela engrenagem.


Transformar o ‘super herói’ do primeiro Tropa de Elite em uma engrenagem do sistema é uma das principais virtudes do filme. Se antes as soluções pareciam pautáveis, hoje a complexidade dos problemas o atordoa, o diminui, e de certa forma, o humaniza. Como lutar contra grupos criminosos que atuam dentro do próprio Estado, da própria Secretaria de Segurança para proteger os milicianos que seriam úteis no processo eleitoral na conquista de votos para o Governador em questão? Como confrontar com os próprios paradigmas mediante ao fato de sempre olhar com desdém para aqueles que como o deputado Fraga, defende os Direitos Humanos; se a violência que usara estava( de certa forma) a serviço de um estado corrupto? Confuso, Nascimento rever certos valores e neste filme é um personagem menos arrojado, no entanto, mais maduro e ainda corajoso.

Padilha atenta também para o poder da mídia. O jornal que ignora certo assunto por causa proximidade das eleições. O apresentador de programa sensacionalista, ridicularizado pelo próprio Governador que precisa dele, pois o programa tem boa audiência. Estreitamento de relações nas quais fortalecem a máquina do Estado.

É estabelecido nos créditos iniciais: o filme é uma obra de ficção e qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. Obviamente, como notou uma matéria sobre o filme no Jornal ‘O Globo’, um miliciano não dispararia tiros para o alto em um churrasco comemorativo em uma comunidade na presença do Governador e do Secretario de segurança; difícil acreditar que um policial reuniria o aparato do Estado para montar uma blitz no intuito de encher de pancada um Secretário de Segurança corrupto. Essas questões não são problemáticas. Afinal, é cinema, é imaginário. É triste constatar ( principalmente como morador do Rio de Janeiro), no entanto, que muitos dos personagens desta obra fictícia são reais e estão no poder.

Com excepcional técnica – excelentes cenas de ação, perfeito encadeamento das cenas com uma uma montagem competente que mantém o ritmo da narrativa mesmo com um roteiro tão intrincado – Tropa de elite 2 é um filme pessimista. O vilão é o Estado, pois os políticos são os condutores deste. Clássico.

domingo, 17 de outubro de 2010

Proibido fumar

Direção: Anna Muylaert
Roteiro: Anna Muylaert


Crônicas cotidianas são corriqueiras no cinema nacional. Em várias oportunidades surgem filmes com a proposta de retratar histórias de um ‘microcosmo social’ presente em uma cidade pequena, média ou em uma megalópole como São Paulo, revelando nuances do comportamento de pessoas. O convincente ‘Proibido Fumar’ da diretora Anna Muylaert insere se nessa linha ao abordar a história de uma professora de violão fumante que se apaixona pelo novo vizinho.



Baby (Glória Pires) é uma dona de casa estressada, que briga com a irmã por causa de um sofá que pertenceu a uma tia falecida e discute com a outra irmã (e vizinha de porta) por qualquer motivo aparente. Ela fuma vários cigarros por dia, o que de certa forma a tranquiliza. A personalidade turbulenta da moça ansiosa, que enquanto muda os canais da TV ( todos, ironicamente, com programas que incentivam o cuidado com a saúde) fuma um cigarrinho com ar de impaciência, é bem representada por Glória Pires, a atriz se entrega no papel e tem êxito com uma caracterização que faz jus à sua experiência em cena. O panorama ganha novos contornos quando Baby conhece o músico Max( Paulo Miklos) e por ele se apaixona. Max é um desses músicos de restaurantes cujo público não lhe confere devida atenção. Com a afinidade inicial, Baby resolve abandonar o cigarro e acredita na probabilidade viver um amor bonito e saudável. É revelado, então, o ponto alto do filme. O olhar cínico sobre relacionamentos.




Max não representa o ideário de um gentleman comum em comédias românticas ou romances clássicos. Apesar de mostrar-se carinhoso, dedicar uma música para Baby em uma de suas apresentações na noite paulistana, é um jeito que reclama do salmão oferecido no primeiro jantar a dois, por não conter molho e de quebra, elogia a habilidade da ex namorada( uma modelo de belas mãos) ao preparar o prato. As situações provocam rusgas no relacionamento com Baby, até então anestesiada com os primeiros acordes da ‘paixão’. Esses ganham respaldo com a química entre os atores.


Por outro lado, a inserção de uma reviravolta no decorrer da trama não funciona adequadamente, e soa artificial a tentativa de ambientar um suspense com o uso de câmeras de seguranças, e planos que sugerem que certo personagem está sendo perseguido. O roteiro explica o uso desses artifícios com situações posteriores, mas em relação à trama os mesmos revelam se dispensáveis.

O fato de Proibido fumar não ser amparado em um discurso anti (ou pró) tabagista reforça suas boas intenções. O cigarro aqui é visto (apenas) como válvula de escape para as vicissitudes do cotidiano; ao focar nos conflitos humanos dos personagens, mesmo que sem aprofundar, o filme acerta. Certas palavras, no entanto, deveriam ser remodeladas nesta “crônica”. Pelo bem do filme.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Amor à Distancia

Direção: Nanette Burstein
Roteiro: Geoff Latulippe

Dentre os gêneros cinematográficos a comédia romântica é o mais suscetível aos clichês. Ano passado ‘ 500 dias com ela’ trouxe certo brilho ao gênero com novidades na narrativa. Mas no geral as fórmulas se repetem, e mesmo que alguns filmes tenham bons momentos, são fadados ao esquecimento pois é difícil presenciarmos elementos novos, na narrativa ou no enredo. O filme Amor à Distância se enquadra no hall dos simpáticos, porém esquecíveis.



Erin( Drew Barrymore) tem 31 anos e trabalha como estagiária em um modesto jornal em Nova York. Insatisfeita com o rumo profissional decide sair para beber e encontra Garret( Justin Long). Os dois se apaixonam, mas Erin vai morar em São Francisco, e o que deveria ser um amor de verão, se transforma num namoro a muitas milhas de distância com eventuais idas e vindas para reencontros.


Um aspecto deve ser ressaltado. Os dois protagonistas são interessantes e extremamente divertidos, principalmente Erin uma mulher inteligente e charmosa que foge do padrão “mocinha certinha” pois bebe, fala palavrão e suja o rosto com comida enquanto come e conversa. Ela cativa o coração de Garret (e a simpatia do expectador) pela sensibilidade aliada à simplicidade.


Infelizmente o mesmo não se pode dizer dos coadjuvantes. A dupla de amigos de Garret é formada por sujeitos idiotas que soltam várias piadas de conotação sexual ultrapassadas. Em determinado momento um dos personagens aponta a maneira a qual Garret deveria ter chorado após o fim de um relacionamento recente. Ele insiste na piada que jamais soa convincente. A super protetora irmã de Erin e o marido, até merecem um destaque maior pela participação em uma cena hilária a qual Erin e Garret são flagrados transando. No mais, cumprem a função do típico elenco de apoio sem brilho, que aparece para oferecer um ou outro conselho à protagonista.


Algumas pessoas discordam, mas julgo necessária a boa construção de personagens mesmo em filmes considerados ‘leves’. A superficialidade deles, no caso de Amor à Distancia é determinante para o desenrolar da trama.


O excesso de viagens para reencontros amorosos torna a narrativa mais enfadonha, assim como as várias juras de amor dos protagonistas. Eles estão apaixonados, sim. E apaixonados são repetitivos, piegas. Isso, no entanto, não justifica os diálogos expositivos nos quais os personagens declaram a todo o momento o que o expectador já está cansado de saber, que eles se amam e sentem falta um do outro.


Os defeitos, por mais difícil que pareça, não fazem de Amor à Distância um filme execrável. A química dos personagens é boa, assim como algumas tiradas cômicas. No entanto, o fato de a produção não oferecer elementos novos devido a demasiada previsibilidade do roteiro, permite que a relação entre o expectador e o filme seja apenas um amor de verão, breve e efêmero.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Os normais 2

Direção: José alvarenga JR
Roteiro: Alexandre Machado / Fernanda Young


Não assisti ao primeiro Os normais , assim como não acompanhei a série televisiva. Ao comentar sobre Os normais 2 não terei o primeiro filme ou a série para fazer referência ou traçar algum comentário comparativo. Porém, na difícil experiência que passei ao assistí-lo, posso dizer. O filme é ruim, muito ruim.

Rui(Luís Fernando Gumarães) e Vani( Fernanda Torres) é o famoso casal, que vive uma crise conjugal por causa da insossa rotina estabelecida após 13 anos juntos. No intuito de apimentar a relação com um ménage a troi, os dois embarcam em uma insana busca pela companhia ideal para o momento íntimo. Dentre as pretendentes surge uma prima com vasta experiência no assunto, uma lutadora de kickboxing, uma bissexual rica e uma francesa misteriosa.


Graças ao sofrível roteiro de Fernanda Young que atenta propositalmente para o inverossímil,e que desanda por causa do excesso de diálogos infrutíferos e a infantilidade dos personagens, a aventura delirante cansa. Em determinado momento num banheiro feminino personagens conversam sobre crises no relacionamento e a protagonista utiliza um batom como lápis para desenhar no espelho um gráfico que relaciona o tempo de união ao período de desgaste. A idade das personagens na sequência varia entre os 20 e 40 anos, mas a impressão que fica é que ao entrar no lavabo elas regrediram para 14 ou 15 devido ao despejo de um arsenal de clichês de ‘guerrinha dos sexos’. Haja paciência.

A direção de José Alvarenga Jr, para piorar, é marcada por uma concepção visual semelhante a de programas televisivos( fato,aliás, muito comum em produções da Globo Filmes) com muitos closes e cortes abruptos o que confere ao filme aspectos deselegantes que não funcionam na linguagem cinematográfica. Por quê fazer um filme com cara de novela do Jorge Fernando?

Ao ter um posicionamento sobre um filme de comédia é preciso cuidado na identificação da proposta da obra. Sim, o filme foi feito para matar de rir aquele espectador que vai ao cinema sem o compromisso de assistir um clássico, ou mesmo uma comédia inteligente pontuada por diálogos sarcásticos ou referências políticas; é uma produção ‘leve’ e ‘ descompromissada. Estive atento a esse detalhe e o analisei como tal. Os normais 2, no entanto, trata o expectador como idiota com o exagero nos lugares comuns(escorregões, pancadas, trocadilhos manjados com conotação sexual, etc) e diante de todos os defeitos, não tem respaldo positivo mesmo com suas escassas pretensões.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Encontros e desencontros

Direção e roteiro : Sofia Coppola

Afirmar que assistir filmes requer atenção é cair na obviedade. Lógico que precisa de atenção. Obter um conhecimento breve sobre a premissa da história, e os trabalhos anteriores do cineasta também é útil para o espectador compreender os aspectos mais profundos da obra. Se há quatro anos o filme ‘ Encontros e desencontros’ me passou despercebido, hoje o considero incrível. O segundo trabalho da diretora Sofia Coppola tem uma história simples, com excelentes atuações e louvável ambientação.

Charlotte é uma jovem americana que acompanha o marido em uma viagem para Tóquio. Bob Harris é um ator que parte rumo a capital japonesa com o objetivo de gravar um comercial de whisky. Ambos se hospedam no mesmo hotel, e tem em comum, além da insônia, o fato de estarem insatisfeitos na vida conjugal. O marido de Charlotte devota extrema atenção ao trabalho, enquanto Bob e a esposa mantêm uma relação pacífica, porém fria. O encontro desses dois personagens permite uma transformação saudável na vida deles.

Encontros e desencontros é conduzido de forma meticulosa, com detalhes que merecem destaque. Os planos em expressões faciais que demonstram cansaço e insatisfação aparecem com frequência, como no cena em que Charlotte aparece na janela olhando para o horizonte ou a que Bob está sentado no bar, bebendo e dispensando conversas. Em determinado momento, quando o marido de Charlotte conversa com uma amiga “celebridade’’, fútil e extremamente efusiva o descontentamento de Charlotte é evidenciado com sutis movimentos corporais e olhares embaraçados nos quais demonstram que ela está totalmente deslocada em relação aquele contato e ao próprio casamento.

Vale ressaltar o excelente trabalho da atriz Scarlet Johansson que demonstra naturalidade ao conceber uma Charlotte contida, reservada, mas que não deixa de ser divertida e alegre nos momentos de boa companhia. Ou seja, quando encontra Bob, um parceiro mais velho, mas que além dos problemas pessoas, tem o senso de humor semelhante ao dela. Bill Murray o representa com maestria.

A ambientação do filme é caprichada . Os personagens caminham por uma Tóquio viva, e obviamente high tech, com boates e parques de jogos eletrônicos lotados de pessoas de vários tipos, ilustrando assim a densidade demográfica e diversidade cultural do Japão. Mas a carência afetiva e a solidão dos personagens os deixam ‘perdidos’ e alheios à tanta efervescência. Eles só se sentem bem e integrados ao contexto local quando estão juntos. Um completa o outro. Quando isso acontece, partem para a diversão e deixam a sisudez de lado para cantar num Karaokê completamente bêbados.

Sofia Copola atenta em conduzir a história com ênfase no desenvolvimento dos personagens. E tem êxito. Graças ao talento dos protagonistas em expressar sentimentos através de olhares e palavras e à narrativa lenta e cuidadosa que conduz Charlotte e Bob a passeios e boas conversas.

Um filme para ser assistido com atenção e devoção. Os detalhes de uma obra tão inteligente não devem ser ignorados.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Educação

Direção: Lone Sherfig


Roteiro:Nick Hornby, baseado nas memórias de Lynn Barber

Os desejos individuais afloram com intensidade no final da adolescência. Nesse período surge a necessidade de escolher uma carreira profissional e, em casos específicos, encontrar a pessoa certa para se apaixonar e viver uma história feliz emocional e financeiramente. Nem sempre o que se deseja é aquilo que a sociedade estabelece como importante ou ‘correto’. A oposição entre as aspirações pessoais e a educação familiar, escolar ou mesmo do contexto social de uma época é o tema principal do filme Educação da diretora Dinamarquesa Lone Scherfig, um drama sensível e envolvente.


O bom roteiro de Educação traz ao espectador a historia de Jenny( interpretada pela bela Carey Mulligan) uma jovem de 16 anos inteligente,culta que adora música e literatura francesa. Mas é entediada com a vida em um ambiente marcado pela cobrança do pai( Alfred Molina) que sonha em vê-la matriculada em Oxford, e o excesso de formalidade e sisudez do colégio. Certo dia conhece David (Peter Sarsgaard), um homem mais velho que apresenta para ela um mundo novo, com concertos de música clássica, leilões de arte e viagem para França. Lenny deixa a vida monótona, conservadora e embarca num universo sofisticado, com possibilidades de desfrutar do conteúdo artístico que gosta além de boas bebidas e cigarros franceses. As frustrações, no entanto, também fazem parte do pacote desse novo estilo de vida no qual a adolescente é inserida e a atriz Carey Mulligan representa com sensibilidade, uma menina que apesar da maturidade e inteligência ainda sofre com as angústias e dúvidas típicas da idade. É uma garota que se sente velha mas não muito sabia, como bem define em determinada passagem.


Os personagens secundários são um dos pontos fortes do filme com coadjuvantes sempre competentes. Peter Sarsgaard encarna um homem sedutor, educado, gentil mas cínico e que em alguns momentos destrata Jenny, o que põe em dúvida a devoção dele com a garota. Um personagem dúbio, sempre interessante. Alfred Molina está brilhante como um pai exigente, retrógrado e de opiniões machistas e antiquadas mas ao mesmo tempo afetuoso e sensível com a filha, o excelente trabalho do ator não caricaturiza o personagem e o transforma em uma figura sensível e até mesmo comovente.

Belas músicas, e uma fotografia com cores frias ao representar a atmosfera careta da casa de Lenny e um belo azul nas cenas na França, ajudam a compor um filme coerente com a sua proposta.


Deslumbramentos, dúvidas e decepções estão presentes em todas as fases da vida, mas na adolescência esses sentimentos são mais intensos. A rigidez formal de uma sociedade hipócrita e presa à convenções – na qual a diretora repreende a aluna por saber que ela namora um judeu ou vai se casar– é um dos fatores que desencadeiam o inconformismo da jovem. Em Educação, no entanto, Jenny aprende que a felicidade não chega tão facilmente quanto parece. Não bastam livros e músicas francesas.

domingo, 13 de junho de 2010

Onde vivem os monstros

Direção: Spike Jonze
Roteiro: Spike Jonze e David Eggers baseado no livro de Maurice Sendak.

Max é um menino de imaginação fértil que corre atrás do cachorro como se fosse um guerreiro e esconde-se dentro de uma casa de neve no intuito de proteger- se contra os inimigos; mas também é rebelde e sempre contesta o ambiente no qual está inserido. Ele encontra no imaginário um lugar repleto de oportunidades para tornar-se aquele que gostaria de ser, um rei. Max é uma criança como tantas outras, alegre, criativo e ao mesmo tempo contestador, raivoso, que faz birra com a mãe

Spike Jonze ( Quero ser John Malkovich, Adaptação) tem mais um trabalho excêntrico em sua filmografia.O filme Onde vivem os monstros(2009) é um mergulho no universo psicológico infantil, no qual as crises existenciais típicas de um garoto de 9 anos são representadas por um mundo paralelo repleto de monstros . Quando Max acorda num ambiente onírico habitado por criaturas peludas, grandes, e com características diferente s entre si – alguns são dóceis, carinhosos, outros mal humorados, agressivos, mas todos muito brincalhões e transgressores –, ele percebe que ali existe um grupo de ‘’seres’’ que o entende, ao contrário da pacata e entediante vida real, a vida dos adultos frios, distantes e indiferentes. Max entra em contato consigo mesmo.

Em Onde vivem os monstros o ex diretor de videoclipes Spike Jonze pontua muitas seqüências com músicas e o ritmo lembra o de um clipe musical dramático com planos próximos em expressões faciais dramáticas, uso da câmera lenta, e a câmera na mão em cenas de perseguição, como naquela que Max desce as escadas atrás do animal. O resultado dessa proposta é positivo, devido ao roteiro e à direção segura e competente, que é coerente ao guiar a história e os conflitos através do inocente olhar de Max. A fotografia e direção de arte compõem o cenário fantástico da historia com maestria. Os monstros e todo cenário são magistrais. Belos planos com árvores, galhos secos e dunas preenchem o filme.

Em suma, Onde vivem os monstros exibe a viagem de um garoto em busca da consciência das limitações e dos poderes que irão guiá-lo no mundo real, ou seja, é uma jornada rumo ao amadurecimento. Ele aprende que os monstros que existem dentro de nós têm muito a nos dizer, e todo aprendizado surge através da reflexão.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Pagando bem que mal tem.


Dois amigos de infância descobrem o vínculo amoroso na fase adulta. Eis um tema que fatalmente renderia uma comédia romântica açucarada como tantas outras, no entanto ,o filme Pagando bem que mal tem de Kevin Smith supera o lugar comum com boas doses de escatologia e os habituais diálogos “indecentes” da obra do diretor, a qual inclui títulos como Dogma e Procura-se Amy.

E vamos ao filme.Os amigos Zack( Seth Rogen) e Miri (Elizabeth Banks) dividem um apartamento decadente e estão atolados em dívidas. Para pagar as contas, além da luz e a água cortados em virtude de atrasos no pagamento, decidem gravar um filme pornô. Ambos convidam alguns amigos tão ( ou mais ) insanos para atuarem nesses filmes. A ‘filmografia’ roteirizada por Zack com títulos inspirados em clássicos do cinema e as cenas de sexo explícito desajeitado são engraçadíssimas.

No primeiro ato o humor escrachado com diálogos sacanas e ,obviamente, politicamente incorretos predominam na apresentação dos personagens . Zack é funcionário de uma lanchonete pouco freqüentada, preguiçoso e desbocado, bem interpretado por Seth Rogen , ele é responsável pelas principais seqüências cômicas, como no momento pelo qual corteja a recepcionista de uma festa esbanjando seu senso de humor peculiar; ou na conversa com um personagem( este aparece pouco mas considero um dos mais engraçados do filme) que revela-se ator de filme pornô gay. Aliás, vale destacar a sequencia em que o ‘ator’ discute a relação com o namorado.

Miri revela-se igualmente desajustada, bebe exageradamente e em determinado momento tenta um galanteio forçado e vulgar com um rapaz o qual se sente sexualmente atraída. Minutos depois, ao saber a profissão do rapaz, ela fica frustrada e vai beber.

O filme tem leve mudança de tom no segundo ato, pois a história ganha contornos românticos, com o inevitável enlace amoroso entre os protagonistas após a primeira transa. O enredo torna-se previsível mas sem escapar para o pieguismo, graças a boa safra de coadjuvantes que não deixam os aspectos non sense sumirem. Reparem na cena da ‘prisão de ventre’.

Em tempos de baixa no gênero, Pagando bem que mal tem é uma comedia que une o humor escatológico ao romance. E tem êxito.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Faixa de areia

Faixa de Areia

Dia desses zapeando os canais da NET paro no canal Brasil, e vejo que passa um documentário sobre praias. Com sorte, observo que acompanho os créditos iniciais. Comemoro. Vou assistir ao programa inteiro, era o que eu mais queria naquele momento. O documentário em questão se chama Faixa de areia.


O filme das diretoras Flávia Lins e Silva e Daniela Kallman extrai diferentes pontos de vista dos entrevistados sobre a ida a esse espaço entre o asfalto e o oceano. E os tipos são muitos. Casais que se conheceram e estão juntos até hoje, vendedor de quitutes que comprou casa e paga o estudo dos filhos com o lucro dos dias de sol, patricinhas que vão paquerar e ser paqueradas, playboys ,gays. Do leme ao pontal a idéia é interagir e se divertir.


Na fala dos entrevistados uma idéia persiste. A praia é um espaço democrático. É lá onde ricos e pobre se misturam com o mesmo propósito. Bebem, comem, riem, tomam banho de mar, pegam jacaré. A entrada é franca, não existe muro de concreto para separar os granfinos da Avenida Atlântica e Vieira Souto da ''massa'' que vem do subúrbio ou da baixada. Mesmo sem a presença de uma barreira física, no entanto, é evidente a divisão entre os vários tipos que freqüentam o lugar. Cada tribo tem o seu espaço, os gays no posto 9 de Ipanema, os mauricinhos e patricinhas no posto 10, os suburbanos no outro lado, de preferência longe.


Na praia do Flamengo, uma mulher elogia o local por ser tranqüilo e ter muitas famílias; quando questionada se a incomodaria se ônibus vindo do subúrbio parassem naquele ponto, ela foi enfática: " incomodaria sim''. A moça reclamou que seria ruim dividir o espaço com pessoas sem educação e crianças que correm jogando areia para todo lado. Ela com uma sinceridade assustadora ainda levantou uma questão. '' não tem o piscinão de Ramos? Por que eles não vão para lá?''.


De maneira sutil, sem esbarrar no clichê hipócrita e politicamente correto do ''rico opressor x massa trabalhadora oprimida e discriminada'', 'Faixa de Areia' convida o espectador para uma reflexão. Afinal, até que ponto a praia é um ambiente democrático? Pode ser considerado democrático um lugar cuja população rica, instruída se divide daquela com renda (status quo ) inferior por não compreender e (ou) não aceitar seus hábitos?


Não existe maniqueísmo em ' Faixa de Areia' ; antes de mais nada ele faz uma ode às belas praias do Rio de Janeiro desde as famosas e badaladas Copacabana, Ipanema,Arpoador e Barra até a belíssima e quase deserta Grumari. Em um espaço heterogêno, as diferenças sociais e ideológicas existem e são evidenciadas com a proximidade e o contato humano, quando os conflitos vem à tona. As documentaristas filmam, e observam esta interrelação com sábio distanciamento. Belo documentário esse Faixa de Areia.

Veronika decide morrer


Veronika decide morrer ( 2009 )Direção: Emily YoungRoteiro: Larry Gross, Roberta Hanley.
Algumas adaptações para o cinema são fiéis aos livros e costumam agradar aos fãs das obras literárias - que insistem na idéia equivocada de compará-las com o filme, como se existisse a possibilidade de um livro ser melhor que o filme ou vice versa - outras são polêmicas, não são tão fiéis o que não quer dizer que sejam ruins. Ainda não li ‘Veronika Decide Morrer’ do Paulo Coelho, mas o filme da diretora Emily Young, carece de uma protagonista talentosa, um bom roteiro e direção competente. Resultado: Eis uma adaptação que não funcionou.

Veronika( Sarah Michelle Gellar) é uma bela jovem, com um bom emprego e que mora num confortável apartamento em Nova York. Porém ela não é feliz, julga a vida que leva como previsível, sem sentido. Certa noite, ao chegar em casa, toma uma overdose de medicamentos. Ao acordar num hospital psiquiátrico aos cuidados do doutor Blake (David Thewlis), descobre que terá poucos dias de vida.
Sarah Michelle Gellar provou ser incapaz de garantir o peso dramático suficiente ao personagem; além de inexpressiva e de sempre lançar o olhar sedutor quando dialoga com alguém do sexo masculino ( tudo bem que ela é gostosinha, mas cá pra nós ela não está em ‘ Segundas Intenções’) ela é responsável por uma das cenas mais constrangedoras do filme, quando se masturba tocando piano enquanto flerta com Edward( Jonathan Tucker), rapaz até então mudo devido um trauma no passado. A seqüência revela-se apelativa e beira o vulgar justamente pelas caras e bocas inadequadas da loirinha.

Além disso o filme se perde por conta do roteiro fraco que não explora os coadjuvantes ao ponto de nos convencer que são importantes no processo de melhora da saúde mental da protagonista, o que o filme tenta propor sem sucesso. O romance entre Veronika e Edward revela se artificial, assim como o contato frio e breve com o psicanalista. Os diálogos expositivos estão presentes em algumas situações; naquela a qual Veronika descobre algo importante sobre Edward – o que acabamos de descobrir segundos antes, e no momento da conversa com o doutor Blake após a cena do piano.

A narrativa ainda encontra outros empecilhos que somam pontos negativos. O uso de planos abertos na clínica psiquiátrica é exagerado, bastava filmar a fachada do local uma vez, mas a diretora parece que quer nos lembrar a todo momento que ali funciona a tal clínica. Metáforas clichês como a da ‘ pessoa afundando na água’ para simbolizar algo negativo’ e no sol nascente como mostra de esperança, e de que ‘ bons tempos que estão por vir’ também poderiam ser evitadas.
Não foi dessa vez que uma obra do mago pop star literário teve uma adaptação representativa no cinema.