sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Amor à Distancia

Direção: Nanette Burstein
Roteiro: Geoff Latulippe

Dentre os gêneros cinematográficos a comédia romântica é o mais suscetível aos clichês. Ano passado ‘ 500 dias com ela’ trouxe certo brilho ao gênero com novidades na narrativa. Mas no geral as fórmulas se repetem, e mesmo que alguns filmes tenham bons momentos, são fadados ao esquecimento pois é difícil presenciarmos elementos novos, na narrativa ou no enredo. O filme Amor à Distância se enquadra no hall dos simpáticos, porém esquecíveis.



Erin( Drew Barrymore) tem 31 anos e trabalha como estagiária em um modesto jornal em Nova York. Insatisfeita com o rumo profissional decide sair para beber e encontra Garret( Justin Long). Os dois se apaixonam, mas Erin vai morar em São Francisco, e o que deveria ser um amor de verão, se transforma num namoro a muitas milhas de distância com eventuais idas e vindas para reencontros.


Um aspecto deve ser ressaltado. Os dois protagonistas são interessantes e extremamente divertidos, principalmente Erin uma mulher inteligente e charmosa que foge do padrão “mocinha certinha” pois bebe, fala palavrão e suja o rosto com comida enquanto come e conversa. Ela cativa o coração de Garret (e a simpatia do expectador) pela sensibilidade aliada à simplicidade.


Infelizmente o mesmo não se pode dizer dos coadjuvantes. A dupla de amigos de Garret é formada por sujeitos idiotas que soltam várias piadas de conotação sexual ultrapassadas. Em determinado momento um dos personagens aponta a maneira a qual Garret deveria ter chorado após o fim de um relacionamento recente. Ele insiste na piada que jamais soa convincente. A super protetora irmã de Erin e o marido, até merecem um destaque maior pela participação em uma cena hilária a qual Erin e Garret são flagrados transando. No mais, cumprem a função do típico elenco de apoio sem brilho, que aparece para oferecer um ou outro conselho à protagonista.


Algumas pessoas discordam, mas julgo necessária a boa construção de personagens mesmo em filmes considerados ‘leves’. A superficialidade deles, no caso de Amor à Distancia é determinante para o desenrolar da trama.


O excesso de viagens para reencontros amorosos torna a narrativa mais enfadonha, assim como as várias juras de amor dos protagonistas. Eles estão apaixonados, sim. E apaixonados são repetitivos, piegas. Isso, no entanto, não justifica os diálogos expositivos nos quais os personagens declaram a todo o momento o que o expectador já está cansado de saber, que eles se amam e sentem falta um do outro.


Os defeitos, por mais difícil que pareça, não fazem de Amor à Distância um filme execrável. A química dos personagens é boa, assim como algumas tiradas cômicas. No entanto, o fato de a produção não oferecer elementos novos devido a demasiada previsibilidade do roteiro, permite que a relação entre o expectador e o filme seja apenas um amor de verão, breve e efêmero.