Os franceses estão reclamando no cinema deles daquilo que mais irrita os cinéfilos brasileiros no nosso. A invasão do formato televisivo para a telona. Muitas vezes ao invés de assistirmos filmes, vemos novelas de uma hora e meia, ou programas que se funcionam muito bem na telinha o mesmo não ocorre na sala de projeção. A Grande família é bobinho, sim, mas com os sensacionais Marco Nanini e Pedro Cardoso funciona muito bem, e se não é marcante garante boas risadas. No cinema o programa é o mesmo, e a historia curta vira um filme longo cansativo cujas piadas se repetem e o roteiro não vai a lugar nenhum. O que dizer de ‘ Casseta e Planeta’? Se nem o programa é lá essas coisas o filme é pior ainda; ainda tiveram a infelicidade de fazer uma continuação. Não de ' Olga' piegas, sonolento mas que daria certo como uma mini-série de época. Em entrevista para o programa Conexão Roberto D’Ávila, o diretor Daniel Filho, disse que ao pensar num filme que vai dirigir, leva em conta que utiliza dinheiro público, logo deve ter ‘ responsabilidade’ com a verba, e dessa forma produzir um programa para toda família; ou seja ,um misto de malhação, turma do Didi, duas caras, zorra total por ai vai.
Na França, reclamam que o cinema de autor, reconhecido e tradicional no país da novelle vague, perde espaço para o cinema comercial, devido a tv e a interferências do Governo que tem privilegiado os blockbusters do velho mundo. Chamou atenção essa ‘’novidade’’, jamais imaginaria que uma espécie de “Rede globo francesa”, e a ajuda da interfência estatal fosse bater de frente com os filmes sisudos e cabeçudos( no bom sentido). Os franceses tiveram uma formação cultural sem a constante presença dos folhetins , rádios novelas e das atuais tele-novelas logo é impossível pensar num cinema brasileiro com um impacto cultural similar; mas dos poucos filmes que chegam do nosso cinema às salas de exibição, a maioria segue o padrão televisivo. Isso é lamentável. Nosso cinema de massa é conservador, redundante, esquemático, caricato; como bem frisou Arthur Xexéu na coluna dele do Jornal ‘ O Globo’.] “A crise está aqui”.
O cinema nacional precisa de identidade. O público está condicionado às mesmisses televisivas, logo o cinema repete os mesmos vícios e assim garante bilheteria razoável. No argumento de fazer "bom uso do dinheiro público destinado a cultura" Daniel Filho e outros cineastas sustentam o círculo vicioso que não tira nosso ' cinema comercial ' do marasmo. Pelo fim da crise, e pelo surgimento de um cinema ' comercial , blockbuster, com carinhas globais(porque não) mas acompanhado de experientalismo, criatividade, e o mais importante QUE SEJA CINEMA.
Há 2 dias