O tom opaco da fotografia que representa o rigoroso inverno do país escandinavo também preenche o aquecido bar freqüentado pelo trio e apesar do bom humor deles – garantido pelas generosas doses de Vodka, claro – as cores escuras ilustram a apatia e preocupação devido à angustia que os atormenta. O expressivo olhar de Erkki com terno e paletó igualmente escuros é representativo.
O número musical de cada um deles é, seguramente, um dos melhores momentos do filme. Cada música os representa de determinada forma e sintetiza as turbulências das suas vidas. Em determinado momento da apresentação de Marti ele declama com intensidade “você foi para outra cama”. Óbvia alusão ao fato de desconfiar (ou ter certeza) que fora traído pela esposa. As canções contribuem para a catarse de sentimentos. O dono do estabelecimento ao convocar a todo o momento uma nova apresentação, se transforma numa espécie de psicólogo, no qual ajuda o trio a expor os seus pesares, e o bar transforma-se num divã, ou uma espécie de “Associação de Desesperados Anônimos”. No desespero expresso nas letras das músicas, existe um fio de esperança. É Natal.
Assim como no recente O ciúme mora ao lado, Mika Karismäuki concebe um filme de bons personagens, diálogos inteligentes e situações curiosas. Apesar de ser um drama Três homens e Uma Noite Fria jamais desce ladeira a baixo no exagero melodramático. Este é um filme natalino, preenchido por sentimentos otimistas, solitários, agradáveis. No fundo do poço existe uma mola. Clichê? Sim, e daí?
Crítica publicada no site: http://www.cinemanarede.com/
Há 2 dias
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