quarta-feira, 3 de junho de 2009

Ponto Final - Match Point


Ponto Final - Match Point (2005)
Direção e roteiro: Woody Allen


Um drama romântico com casamento, juras de amor e traição. Um suspense com referências ao clássico Crime e Castigo de ‘ Dostoievesky’. Sim, estou falando do mesmo filme. O irresistível Ponto final – Match Point , primeiro longa de Woody Allen rodado na Inglaterra, tem como protagonista Chris(Jonathan Rhys Myers),ex jogador de tênis, um jovem competitivo e ambicioso que passa a frequentar a alta sociedade inglesa. Ele se casa com Chole( Emile Mortiner) mas se apaixona por Nole( Scarlett Johansson), noiva do seu melhor amigo.


Na primeira cena do filme uma bola de tênis, em plano fechado na bola e na rede, passa de um lado para o outro da quadra, destaque para o eficiente uso da câmera lenta que reforça a mensagem que o diretor quer passar, ao bater no topo da rede ela cai para um dos lados da quadra, e determina o ponto para um dos jogadores. Pode-se dizer que Chris teve a ‘ sorte grande’ ao ter como esposa uma mulher rica e conseqüentemente um excelente emprego na empresa do sogro. Mas ele não resiste à beleza e sensualidade de Nole e se apaixona por ela. A sorte ou o azar que são, muitas vezes, determinantes numa partida de tênis, servem para guiar a vida real. Chris acredita nisso, mas não espera que ela caia do céu. A cena em que ele joga tênis de mesa com Nole, que pouco domina o jogo, e rebate a bola com extrema força ilustra bem o perfil competitivo do protagonista. Ele não aceita perder. O diretor repete na mesma cena por pouquíssimos segundos, o mesmo plano fechado na bola e na rede, o que reforça à analogia entre sorte e azar serve e como pista para um momento importante do final.


Além de caprichar na escolha de planos e movimentos de câmera que são determinantes para revelações importantes - vale ressaltar que o plano detalhe no livro ‘Crime e Castigo’ não acontece por acaso - o filme tem uma bela fotografia, com tons que variam do amarelo do verão londrino ao azulado e branco do inverno. Em duas situações em que Chris e Nole estão juntos, o plano fechado na janela é o mesmo, mas enquanto em um dia chove no outro neva. Além da plasticidade, a cena é importante do ponto de vista narrativo pois estabelece a passagem de tempo de forma sutil.


O brilhante roteiro de Woody Allen foca, inicialmente, no dilema do personagem central; ele está divido entre estabelecer uma relação segura com a esposa metódica( e,mais uma vez, rica), que tenta engravidar a todo custo, e a paixão avassaladora pela amante. No último ato a história ganha um rumo surpreendente. Novamente o perfil competitivo de Chris vem a tona e após a decisão que o faz pôr fim ao dilema pessoal, a história ganha tons de um bom suspense psicológico.


Outra vez temos a oportunidade de assistir mais um belo trabalho de Woody Allen. Personagens interessantes, belas paisagens, e um roteiro complexo, porém coeso ilustram o filme. Em Ponto Final – Match Point, a sorte está em jogo. A oportunidade de a bola cair no lado certo existe. No entanto, assim como numa partida de tênis, na vida real é necessário ter talento para o êxito e, acima de tudo, fazer as escolhas certas.

3 comentários:

Anônimo disse...

O filme é belíssimo. Gostei muito do seu texto, vi Match Point apenas uma vez e fiquei encantada, verei novamente hoje e presterai mais atenção nos detalhes. Abraço

Fermina Daza disse...

Posso falar um palavrão?
Não? Mas eu vou falar...
Esse filme é FODA.
Sem dúvidas o melhor final que já vi.

Bjo, Bru

Cristiano Pernalonga disse...

Um filme que merece aplausos, uma obra formidávelmente bem elaborada, roteiro, fotografia, produção, em suas formas mais minunciossas.

a maneira que se inicia e que se termina o filme, esses nexos temporais ficaram muito bem.

o propósito do filme ficou bem evidenciado na melhor frase do filme

"prefiro ser sortudo do que ser bom"

enfim, retomando o dito pela fernanda:

foda!