segunda-feira, 27 de abril de 2009

Um flerte com a literatura



De Vampiro a Saci – O Universo fantástico de André Vianco.



Quando era atendente de uma empresa de cartão de crédito, André Vianco tinha como hobby escrever nas horas vagas. Hoje, é um autor de sucesso e figura reconhecida no gênero literatura fantástica onde os protagonistas são vampiros, anjos decaídos, e até mesmo personagens do folclore brasileiro como Curupira, Boitatá ou uma versão Hi –Tech do Saci.Numa entrevista concedida antes de sua palestra no ‘ Papo Gama’, evento realizado pela empresa Gama JR na Universidade Gama Filho da Barra, o autor de ‘ Os sete’, ‘ O Senhor da Chuva’ e do mais recente ‘ O caminho do poço das lágrimas’ comenta, dentre outros assuntos, de onde tira inspiração para escrever suas histórias, as inevitáveis comparações com o autor Stephen King e a otimista incursão no mundo do cinema.


· Entregador de Pizza aos 14 anos, redator de rádio aos 16, atendente de empresa de cartão de crédito. Pelo visto as reviravoltas não estão presentes apenas nos seus romances, mas também na sua vida. Como foram essas reviravoltas?
Foi de certa forma tranquilo, porque nunca me limitei a um momento. Eu sabia onde eu queria chegar, eu sabia que queria ser escritor, ligado a essa área de entretenimento, de arte. Aos 16 eu fiz uma entrevista na radio jovem pan e por ser menor de idade elas não queriam receber o meu teste. Mas alguém leu o que eu tinha escrito e disse, ‘’chama esse cara pra trabalhar com agente’’ai comecei a trabalhar com jornalistas da Jovem Pan fm. No final de semana eu fazia plantões, ai conheci o pessoal da am e o método de trabalhar da am, desde então minha paixão por letras foi crescendo. Quando comecei a trabalhar na empresa de cartão de créditos, ao chegar em casa meu hobby era escrever. Continuei escrevendo historias, no fundo no fundo, tendo publicado ou não eu sabia que seria um escritor. Acabei publicando livros com meus próprios meios e com isso fiz sucesso. Com divulgação de ‘boca a boca’ meus livros começaram a vender bem, a partir daí uma editora se interessou.

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Você já afirmou que é eclético, gosta de vários gêneros literários. O que mais te fascina na literatura fantástica para você ter optado pelo gênero ?
O que mais me fascina é o mistério e o inexplicável, eu queria fazer parte disso. Tem alguns mestres, o Stephen king, aqui no Brasil o Monteiro Lobato o Loyola Brandão que é um cara do realismo fantástico, tenho muitas fontes também do cinema. Sou um apreciador de histórias de fantasia e terror do cinema. As coisas se cruzam, hoje no Brasil é muito próximo a carreira de escritor e a de roteirista de cinema diferente daquele padrão norte-americano bem sindicalizado e segregado.


“ Quando comecei a trabalhar na empresa de cartão de crédito, quando chegava em casa meu hobby era escrever”


· Além das notícias do Jornal Nacional, que você falou que serviram de inspiração para escrever o livro ‘Sementes de Gelo’,o que mais te inspira na idealização de fantasmas, vampiros e anjos em terras brasileiras ?

O dia a dia, não tem uma fonte precisa. As vezes uma conversa de boteco, o jeito que a pessoa fala, o contato com telejornais, documentários. A mente do escritor é uma esponja acaba absorvendo, uma hora existe uma sinapse, uma ligação das coisas dá um estalo e você fala “ ah tem uma história assim “

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As lendas urbanas também são importantes
De certa forma sim, o brasileiro gosta muito do caos, gosta muito deu ma lendinha e a gente tem um folclore muito rico ai as coisas acabam se desdobrando assim. Apesar da maioria dos meus livros serem sobre vampiros, as historias se passam no Brasil . Em muitos deles você encontra elementos fantásticos do folclore brasileiro como o Boitatá o Curupira o Saci, mas não aquele Saci da escola tal, mas de outro jeito com uma repaginada, versão 2000. É importante, também, alem de não esquecer a nossa fé não esquecer as nossas lendas.


“ A mente do escritor é uma esponja”


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Você gosta de ser comparado com o Sthepen King?
Não me importo, mas depende como a pessoa compara, algumas pessoas são maldosas outras já enxergam o que há de bom nessa similaridade, que acho que é mais de gênero que de método ou de forma. Não me incomoda porque ele é um grande mestre de fantasia, de drama, de mexer com sentimento que é o que busco, não é só um cara do terror.

· Você já leu Crepúsculo ?
Não li, assisti o filme.

· Gostou?
Com reservas, pra mim funciona muito bem porque as pessoas lêem o livro da Stephenie Meyer e acabam procurando outros livros de vampiro, mas eu acho que é bem adolescente, bem água com açúcar, mas é o estilo dela e do público leitor dela. Sucesso, parabéns e só está me ajudando.

· Levantar fundos para produzir um filme no Brasil não é fácil, mas você deseja transportar suas narrativas para o cinema inclusive já roteirizou ‘A Casa’ que está em ‘pré-produção’. Como está sendo sua entrada no universo cinematográfico?
A passos lentos, mas eu acredito que vai ser muito parecido com minha entrada na literatura, devagar porém pontual. Quando eu tiver fazendo cinema as pessoas vão prestar mais atenção nas historias e vão falar ‘’ ah quero fazer outro ‘’ como a editora novo século fez.. É bem difícil angariar verbas para uma produção de mainstreen mas eu não tenho nada contra as fitas de baixo orçamento. Então o meu caminho vai ser esse.

· Apesar dos muitos obstáculos você ainda acredita que seu sucesso na venda de livros se repetirá no cinema?
É Imprevisível, mas eu levo fé, como levei na literatura ,que vai acontecer. Na literatura eu tive uma surpresa gigantesca. Não imaginava que em tão pouco tempo fosse alcançar tantos leitores e no cinema tem uma vantagem de alcançar mais pessoas. Normalmente quando você vai ao cinema você não vai sozinho. Você chama a namorada, ou os amigos. Vai alcançar mais gente, eu não tenho medo do público, meu medo é conseguir colocar isso na mídia certa e chegar para o cinema.

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Você já participou de eventos em várias cidades de São Paulo,Fortaleza , aqui no Rio. Como você avalia, pelo contato pessoal, a relação do público com a sua obra?
É muito quente, muito próxima e surpreendente as pessoas levam 3, 4 , 10 livros para serem autografados. Tem uma paixão pelo que está escrito ali, são mais que leitores são fãs do autor. Eu não imaginava que ia ser assim. A receptividade dos leitores é muito grande, é muito bacana.

Um comentário:

Lucas Neves disse...

O cara é simplesmente fodaaa!